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Euclid's first images: the dazzling edge of darkness
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As primeiras imagens do Euclid: a deslumbrante intensidade da escuridão

07/11/2023 850 views 0 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

In brief

Hoje, a missão espacial Euclid da ESA revela as suas primeiras imagens a cores do cosmos. Nunca anteriormente foi um telescópio capaz de criar imagens astronómicas tão nítidas através de uma tão grande parcela do céu e de olhar para tão longe no Universo distante. Estas cinco imagens ilustram todo o potencial do Euclid; mostram que o telescópio está pronto para criar o mais vasto mapa 3D do Universo, para descobrir alguns dos seus segredos ocultos.

In-depth

O Euclid, o nosso detetive do Universo negro, tem uma tarefa difícil: investigar como a matéria negra e a energia negra fizeram com que o nosso Universo se parecesse como é hoje. 95% do nosso cosmos parece ser feito destas misteriosas entidades “negras” Mas não compreendemos o que são porque a sua presença causa apenas mudanças muito subtis na aparência e movimentos das coisas que conseguimos ver. 

Para revelar a influência "negra" no Universo visível, ao longo dos próximos seis anos, o Euclid irá observar as formas, distâncias e movimentos de milhares de milhões de galáxias que se encontram até 10 milhares de milhões de anos-luz. Ao fazê-lo, criará o maior mapa cósmico 3D alguma vez feito.

O que torna especial a vista do cosmos do Euclid é a sua capacidade de criar, de uma só vez, uma imagem de infravermelhos extraordinariamente nítida através de uma parcela enorme do céu.

As imagens hoje divulgadas mostram esta capacidade especial: de estrelas brilhantes a galáxias indistintas, as observações mostram a integralidade destes objetos celestiais, enquanto permanecem extremamente nítidas, mesmo quando é feito o zoom de galáxias distantes.

“A matéria negra atrai as galáxias e fá-las girar mais rapidamente que a matéria visível, por si só, poderia fazer; a energia negra está a gerar a expansão acelerada do Universo. O Euclid permitirá que os cosmologistas estudem, pela primeira vez, estes mistérios escuros concorrentes em conjunto”, explica a Diretora de Ciência da ESA, Professora Carole Mundell. “O Euclid representa um salto na nossa compreensão do cosmos como um todo e estas imagens minuciosas do Euclid mostram que a missão está pronta para ajudar a responder a um dos maiores mistérios da física moderna”. 

“Nunca anteriormente vimos imagens astronómicas como estas, incluindo tantos detalhes. São ainda mais belas e nítidas do que esperávamos, mostrando-nos muitas características nunca antes vistas em áreas bem conhecidas do Universo. Agora estamos prontos para observar milhares de milhões de galáxias e estudar a sua evolução ao longo do tempo cósmico”, afirma René Laureijs, Cientista do Projeto Euclid da ESA. 

“Os nossos elevados padrões para este telescópio compensaram: todo este detalhe das imagens deve-se a um design ótico especial, fabrico e montagem perfeitos do telescópio e dos instrumentos, direção e controlo de temperatura extremamente exato”, acrescenta Giuseppe Racca, Gestor do projeto do Euclid da ESA.

“Gostaria de congratular e agradecer a todos os envolvidos na transformação desta ambiciosa missão em realidade, que é um reflexo da excelência europeia e da colaboração internacional. As primeiras imagens captadas pelo Euclid são impressionantes e lembram-nos porque é essencial ir para o espaço para aprender mais sobre os mistérios do Universo”, afirma o Diretor-Geral da ESA, Josef Aschbacher. 

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Euclid's first images: the dazzling edge of darkness
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Faça zoom do Universo através dos olhos do Euclid

Euclid’s view of the Perseus cluster of galaxies
Euclid’s view of the Perseus cluster of galaxies

Conjunto de galáxias Perseus 

Este incrível instantâneo do Euclid é uma revolução para a astronomia. A imagem mostra 1000 galáxias pertencentes ao Conjunto Perseus e mais de 100 000 outras galáxias, mais distantes, em fundo. 

Muitas destas galáxias indistintas nunca tinham sido vistas anteriormente. Algumas delas estão tão distantes que a sua luz demorou 10 milhares de milhões de anos a chegar até nós. Ao mapear a distribuição e as formas destas galáxias, os cosmologistas terão possibilidade de descobrir mais sobre como a matéria negra formou o Universo que vemos hoje.

Esta é a primeira vez que uma imagem tão grande nos permitiu captar tantas galáxias Perseus com um tão elevado nível de pormenor. O Perseus é uma das estruturas mais compactas do Universo, localizado a “apenas” 240 milhões de anos-luz de distância da Terra.

Os astrónomos demonstraram que os conjuntos de galáxias como o Perseus só se podem formar se a matéria negra estiver presente no Universo. O Euclid observará numerosos conjuntos de galáxias como o Perseus através do tempo cósmico, revelando o elemento “negro” que as mantém juntas.

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Euclid’s view of spiral galaxy IC 342
Euclid’s view of spiral galaxy IC 342

Galáxia espiral IC 342

Ao longo da sua vida, o nosso Universo negro será o reflexo de milhares de milhões de galáxias, revelando a influência nunca antes vista, que a matéria negra e a energia negra têm nas mesmas. Por isso é que é apropriado, que uma das primeiras galáxias que o Euclid observou, tenha sido apelidada de “Galáxia Oculta” também conhecida como IC 342 ou Caldwell 5. Graças à sua vista através de infravermelhos, o Euclid já descobriu informação fundamental sobre as estrelas nesta galáxia, que é uma sósia da nossa Via Láctea.

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Euclid’s view of irregular galaxy NGC 6822
Euclid’s view of irregular galaxy NGC 6822

Galáxia irregular NGC 6822

Para criar um mapa 3D do Universo, o Euclid observará a luz das galáxias até uma distância de 10 milhares de milhões de anos-luz. A maioria das galáxias no início do Universo não se parecem com a perfeita espiral, mas são irregulares e pequenas. São os blocos estruturais para galáxias maiores como a nossa e ainda podemos encontrar algumas destas galáxias relativamente perto de nós. A primeira galáxia anã irregular que o Euclid observou designa-se NGC 6822 e encontra-se perto, a apenas 1,6 milhões de anos-luz da Terra.

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Euclid’s view of globular cluster NGC 6397
Euclid’s view of globular cluster NGC 6397

Conjunto globular NGC 6397

Esta imagem cintilante mostra a vista do Euclid num conjunto globular designado NGC 6397. Este é o segundo conjunto globular mais próximo da Terra, localizado a uma distância de cerca de 7800 anos-luz. Os conjuntos globulares são coleções de centenas de milhares de estrelas que se mantêm juntas devido à gravidade. Atualmente, nenhum outro telescópio para além do Euclid, pode observar um conjunto globular completo numa só observação e, ao mesmo tempo, distinguir tantas estrelas no conjunto. Estas estrelas desvanecidas contam-nos a história da Via Láctea e onde se encontra matéria negra.

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Euclid’s view of the Horsehead Nebula
Euclid’s view of the Horsehead Nebula

A Nebulosa Cabeça de Cavalo 

O Euclid mostra-nos uma vista detalhada espetacularmente panorâmica da Nebulosa Cabeça de Cavalo, também conhecida como Barnard 33 e parte da constelação Orion. Na nova observação do Euclid deste viveiro estelar, os cientistas esperam encontrar muitos planetas com a massa de Júpiter, nunca antes vistos, na sua infância celestial, bem como objetos anões castanhos jovens  e estrelas jovens.

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Novas descobertas, em breve

A primeira vista do cosmos do Euclid é não apenas bela, mas também extraordinariamente valiosa para a comunidade científica.

Primeiro, mostra que o telescópio Euclid e os instrumentos estão a ter um excelente desempenho e que os astrónomos podem utilizar o Euclid para estudar a distribuição da matéria no Universo e a sua evolução às maiores escalas. A combinação de muitas observações com esta qualidade abrangendo amplas áreas do céu mostrar-nos-á as partes negras e ocultas do cosmos.

Segundo, cada imagem contém individualmente um manancial de informação sobre o Universo próximo (clique em cada imagem individual para saber mais). “Nos próximos meses, os cientistas no Consórcio Euclid analisarão estas imagens e publicarão uma série de documentos científicos na publicação Astronomy & Astrophysics, bem como documentos sobre os objetivos científicos da missão Euclid e o desempenho do instrumento”, acrescenta Yannick Mellier, líder do Consórcio Euclid.

Finalmente, estas imagens levam-nos para além do reino da matéria negra e da energia negra, mostrando também como o Euclid irá criar um tesouro de informação sobre a física de estrelas e galáxias individuais.

Preparação para as observações de rotina

O Euclid foi lançado para o ponto 2 do Sun-Earth Lagrange num foguetão SpaceX Falcon 9 da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral na Flórida, EUA, às 17:12 CEST do dia 1 de julho de 2023. Nos meses a seguir ao lançamento, os cientistas e os engenheiros têm estado empenhados numa fase intensa de teste e calibração dos instrumentos científicos do Euclid. A equipa está a fazer as últimas afinações do veículo espacial, antes das observações científicas de rotina começarem no início de 2024.

Ao longo de seis anos, o Euclid examinará um terço do céu com uma exatidão e sensibilidade sem precedentes. À medida que a missão for avançando, o banco de dados do Euclid será lançado uma vez por ano e será disponibilizado à comunidade científica global através do Astronomy Science Archives alojado no Centro de Astronomia Espacial Europeu da ESA, em Espanha.

Sobre o Euclid 

O Euclid é uma missão europeia, criada e operada pela ESA, com contributos da NASA. O Consórcio Euclid, constituído por mais de 2000 cientistas de 300 institutos em 13 países europeus, Estados Unidos, Canadá e Japão, é responsável pelo fornecimento dos instrumentos científicos e pela análise dos dados científicos. A ESA selecionou a Thales Alenia Space como fornecedor principal para a construção do satélite e do seu módulo de serviço, tendo a Airbus Defence and Space sido escolhida para o desenvolvimento do módulo de carga, incluindo o telescópio. A NASA forneceu os detetores do Espetrómetro de infravermelhos próximos e fotómetro, NISP. O Euclid é uma missão de classe média no Programa Visão Cósmica da ESA.

Para mais informação, contacte:

Relações de Comunicação Social da ESA
E-mail: media@esa.int

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