O que é a ESA
"Para a Europa, o espaço já existe e fundamentalmente graças à ESA : agora, a questão é o que fazemos, aqui", diz Antonio Rodotá, Director Geral da Agência Espacial Europeia. "A nossa tarefa consiste em prever todas as oportunidades e responder a todos os desafios."
Visões e Estratégias
A ESA (Agência Espacial Europeia), oferece uma visão do futuro da Europa no espaço e dos benefícios que os satélites podem trazer aos habitantes da Terra. Também desenvolve as estratégias necessárias para realizar essa visão, através de projectos de colaboração em Ciências Espaciais e Tecnologia.
O desenvolvimento de lançadores potentes e de novos veículos espaciais é um dos métodos adoptados pela ESA. Outro é a interaçcão criativa com outras agências espaciais nacionais e indústrias aeroespaciais dos 15 Estados Membros da ESA. Numa Era em que a corrida ao espaço entre os Estados Unidos e a União Soviética, durante a Guerra Fria, deu lugar à cooperação espacial entre todo o Mundo, a ESA fala e actua, num cenário global, em nome da Europa.
O papel da ESA mudou devido aos êxitos registados nos últimos vinte e cinco anos. Quando a Agência nasceu, em 1975, era absolutamente necessário recuperar o tempo e actualizar-se. Uma tentativa de desenvolver um foguetão de lançamento para a Europa tinha acabado em fracasso. Os cientistas europeus já tinham um bom programa multinacional, mas em geral, para lançar os seus ensaios espaciais ou pequenos satelites tinham que se apoiar nos norte-americanos ou nos russos.
Que diferente que é tudo agora! Com os programas da ESA para lançadores, ciência, telecomunicações, observação da Terra e vôos espaciais tripulados, a Europa demonstrou que tem uma enorme competência : nos Estados Membros da ESA, as façanhas espaciais e as suas aplicações transformaram-se em actividades quotidianas normais. As indústrias espaciais europeias empregam já, directamente, 40 000 pessoas e 250 000 indirectamente : e são números destinados a aumentar.
Assim, a ESA já não é só uma organização técnica, mas faz parte do tecido económico e social da Europa e também da sua cultura de conhecimentos e capacidades. Para manter este sucesso ao longo do séc. XXI, os Estados Membros continuam a procurar a ESA para projectos espaciais multinacionais concebidos oportuna e cuidadosamente e também para obter ajuda com a finalidade de melhorar a sua competitividade industrial. A ESA encarrega-se também de coordenar os extensos e diversos estudos necessários para enfrentar novos desafios, alguns dos quais são descritos na seguinte secção.
Dez desafios espaciais para a Europa
"Qualquer lista de desafios que exija a nossa atenção estratégica será apenas ‘um exemplo’," diz Antonio Rodotá, Director Geral da ESA. "Encontramo-nos apenas no amanhecer da Era Espacial e penso que o alcance da ESA só poderá ser limitado pela imaginação humana".
Satélites de navegação. Os sistemas de navegação por satélite são indispensáveis à Ciência e à Indústria e até os automóveis já os começam a usar. Mas nalguns campos críticos, como por exemplo o transporte aéreo, as aplicações são restringidas, já que os sistemas existentes, norte-americanos e russos, se encontram sob controlo militar. Em caso de crise, esses operadores reduzem deliberadamente os seus serviços. A União Europeia já manifestou a sua consternação por esta situação e a ESA está a responder com a criação urgente de satélites de navegação civis, que a Europa precisa para assegurar a sua autonomia.
Vôos espaciais mais simples. Os métodos actuais de lançamento de satélites, astronautas e provisões, com os foguetões químicos convencionais, são bastante incómodos, além de requererem muito tempo e de serem caros. De maneira que, enquanto a ESA continua a patrocinar melhoramentos à serie de foguetões de lançamento Ariane e também a um novo lançador mais pequeno, Vega, tanto a Agência como a indústria espacial Europeia estudam atentamente novas possibilidades a longo prazo, em particular a nível de foguetões reutilizáveis; poderiam, por exemplo,descolar e aterrar horizontalmente.Uma vez em órbita, o veículo poderia ter novos sistemas de propulsão; entre estes, motores eléctricos de energia solar, que a ESA já está a desenvolver e também outros métodos de propulsão planetária que aproveitem o vento solar.
Nanosatélites. O primeiro satélite americano, Explorer I (1958), pesava apenas 8 kg e ainda assim, descobriu a cintura de radiação da Terra simplesmente com um Contador de Geiger. Mais tarde, veículos espaciais com centenas ou milhares de quilogramas tornaram-se comuns, enquanto que agora o interesse foca-se em máquinas pequenas mas muito inteligentes, com menos de 10 Kg. O primeiro nanosatélite europeu, desenvolvido por uma Universidade do Reino Unido, foi lançado ao espaço em Junho de 2000: o SNAP-1 pesa 7 Kg e tirou proveito de quatro décadas de progresso no campo das tecnologias microelectrónicas e micromecânicas desde o Explorer 1. Os nanosatélites, usados individualmente para missões rápidas e baratas ou em enxames para a observação da Terra, oferecem aos países pequenos e às pequenas empresas e instituições a possibilidade de competir com os gigantes aeroespaciais.
Quota de mercado. O sucesso dos foguetões europeus Ariane ao adquirirem uma parte considerável do mercado de lançamento comercial de satélites não foi correspondido com a construção e venda de satélites para fins comerciais. Por exemplo, os serviços de telecomunicações não–europeus ainda preferem os fornecedores americanos. A indústria espacial norte-americana goza de amplos financiamentos públicos e do estímulo tecnológico que lhe é proporcionado pelo sector espacial militar, um sector que na Europa é relativamente limitado. A ESA está à procura sistemas mais eficazes e rápidos para apoiar a indústria espacial comercial europeia, por exemplo, demonstrando novas tecnologias no espaço, com experiências rápidas e pequenas .
Controlo do clima. Hoje em dia, por todo o Mundo, estão a levar-se a cabo esforços diplomáticos intensos com o fim de se adoptarem medidas políticas globais para moderar as alterações climáticas.Os satélites da ESA para a observação e investigação da Terra ajudarão a verificar as bases científicas destas políticas e poderão controlar a sua aplicação e os seus resultados. Ainda assim, é provável que se dêem alterações climaticas, sejam eles provocados pelo Homem ou de origem natural. A longo prazo,a tecnologia espacial pode encontar sistemas para regular o clima, por exemplo, com enormes reflectores em órbita capazes de reduzir ou aumentar a insolação em determinadas zonas. A Europa precisa de se manter ao corrente com as tecnologias mais pertinentes e tem que se manter atenta às complexas questões políticas e legais que estas poderão levantar.
Impactos cósmicos. Em 1996, o conselho da Europa apelou a grandes esforços para detectar "asteróides e cometas potencialmente perigosos para a Humanidade". Já no passado, o impacto de asteróides e cometas provocou desastres regionais e globais e agora procuram-se objectos pequenos que gravitem em órbitas potencialmente perigosas. A ESA patrocina o Spaceguard (Roma), que coordena 80 centros de caça ao asteróide em todo o Mundo. Rosetta, o veículo espacial da ESA que será lançado em 2003 ao encontro do cometa Wirtanen, poderá facilitar uma melhor compreensão da natureza física desta ameaça. A ESA está a estudar dois projectos que prometem converter-se em excelentes caçadores de asteróides: BepiColombo, que deverá penetrar no coração do Sistema Solar para examinar o planeta Mercúrio, e GAIA, um novo veículo espacial destinado a fazer um novo mapa de estrelas.
Tarefas difíceis. Muitos dos projectos espaciais relativamente mais fáceis já foram levados a cabo e os novos descobrimentos e aplicações requerem frequentemente novas tecnologias espaciais. Por exemplo, tantos os investigadores da Terra como do espaço desejariam dispôr de satélites capazes de corrigir automaticamente os efeitos das forças não gravitacionais, quer seja da resistência da atmosfera externa da Terra ou da pressão da radiação solar no espaço profundo. O uso de raios laser a longa distância é outra tecnologia interessante, que poderia ter aplicações importantes : por exemplo, o projecto LISA, ao qual a ESA se dedica actualmente, cuja função é detectar um suposto estremecimento do espaço usando veículos espaciais distanciados uns dos outros de 5 milhões de quilómetros. Contudo, levanta-se agora a questão estratégica de saber quando é que a Europa deverá empreender projectos tão díficeis sozinha ou em colaboração global.
Matérias primas e energias no espaço. A Lua e os asteróides contém riquezas materiais que, em princípio, poderiam ser usadas na indústria ou para produzir oxigénio e água. As dificuldades de trabalhar no espaço são compensadas em parte pela pouca gravidade destes corpos celestes quando comparados com a Terra. A longo prazo, por exemplo, as grandes estações espaciais ou os foguetões interestelares poderiam ser construidos mais facilmente num meio com gravidade baixa. A ESA encoraja os cientistas e técnicos a pensar nesta direcção, assim como a continuar a estudar a possibilidade de fornecer à Terra energia limpa do espaço. Outra ideia a longo prazo seria que as estações em órbita pudessem gerar energia a partir da radiação solar ou da electricidade natural presente no espaço e irradiá-la para a Terra.
Robots ou astronautas? Em 1993, uma missão memorável para reparar um defeito no Telescópio Espacial Hubble da NASA – ESA, em que participou também o astronauta da ESA Claude Nicollier, contribuiu para acalmar as críticas contra os vôos espaciais tripulados. Contudo, os veículos e robots espaciais sem tripulação são cada vez mais 'inteligentes' e não requerem os sistemas de suporte à vida nem o bilhete de regresso à Terra que o Homem precisa. Assim, os planificadores espaciais têm que resolver o delicado problema estratégico de julgar os papéis que poderiam desempenhar respectivamente o homem e o robot nas estações espaciais, nas bases lunares ou na exploração de Marte. A ESA está plenamente comprometida com o vôo tripulado para a Estação Espacial Internacional, mas o facto de estar a desenvolver, para o mesmo projecto, um braço robótico e um veículo de transporte automatizado demonstra também o seu apoio imparcial aos robots. Enquanto isso, o programa científico da ESA está a desenvolver um veiculo espacial robotizado capaz de efectuar operações complexas sob controlo autónomo, longe da Terra.
Na primeira linha. Mesmo enquanto o Ariane 4 demonstrava o seu êxito como o lançador dos anos 90, a ESA já estava a desenvolver o Ariane 5, ainda mais poderoso. Para 2005, um Ariane 5 mais potente poderá levar à sua órbita uma carga de 11 toneladas.Quando existem equipas técnicas com excelentes êxitos precedentes, é lógico continuar a trabalhar numa determinada direcção, manter a primacia. Da mesma maneira, as equipas científicas podem jogar as suas melhores cartadas em certos campos muito específicos. Por exemplo, o famoso Observatório Espacial de Infravermelhos ISO (1995) da ESA, vai ser seguido pelos projectos similares FIRST e Planck (2007). A melhor maneira para seguir em frente poderá ser que a Europa saiba julgar quando consolidar as linhas de acção existentes e quando empreender numa nova direcção.
Depois de 25 anos de sucessos
"Vamos admitir : até agora, tudo bem", comenta Antonio Rodotá, Director Geral da ESA. "Mas os pioneiros da ESA eram técnicos e cientistas com uma enorme riqueza e energia. Precisamos exactamente dos mesmos talentos se quisermos fazer tão bem como eles".
A ESA começou as suas actividades em 1975. Tinha sido concebida dois anos antes durante uma reunião de ministros de dez países Europeus, com a finalidade de combinar os objectivos da antiga Organização para o Desenvolvimento do Lançador Europeu e da Organização Europeia para a Investigação Espacial, ambas criadas nos princípios dos anos 60. Actualmente, a ESA conta com 15 Estados Membros da Europa e com o Canadá como estado colaborador.
Durante os seus primeiros 25 anos de actividades, a ESA conseguiu que a Europa passasse de um protagonista secundário a um de primeiro plano, com um grau elevado de autosuficiência na maioria dos aspectos da Tecnologia Espacial e uma capacidade inovadora a nível mundial. Alcançou o ponto crucial em 1986, quando a sonda Giotto - construída pela indústria europeia, levando a bordo instrumentos científicos europeus e lançada por um foguetão europeu - visitou o cometa Halley, na façanha mais ousada jamais tentada por alguma agência espacial do Mundo.
Eis aqui alguns maiores feitos da ESA:
- Os foguetões Ariane, desenvolvidos pela ESA, lideram o mercado comercial de lançamentos, em particular de satélites para comunicações, apesar da intensa competição dos Estados Unidos, Rússia, China e Japão. Trata-se já de uma indústria de milhares de milhões de Euros.
- Os padrões globais da actual geração de satélites para telecomunicações baseiam-se em tecnicas testadas pela ESA e as companhias aeroespaciais europeias já construíram mais de 50 satélites para telecomunicações : outra indústria de milhares de milhões de Euros.
- A ESA é a primeira no Mundo relativamente ao seguimento do buraco do Ozono, das calotes polares, dos ventos, das correntes oceânicas e outros elementos reveladores da saúde do planeta. Também o Meteosat, que facilita os mapas metereológicos televisivos que todos conhecem na Europa e África, foi desenvolvido pela ESA.
- As sondas científicas construidas pela ESA alcançaram o primeiro plano no estudo do Sol e dos seus efeitos sobre a Terra, no estudo de cometas, no levantamento de mapas de estrelas desde o espaço e no descobrimento dos segredos do Universo através de Raios – X e Infravermelhos.
- Os astronautas da ESA participaram em dez missões do lançador dos Estados Unidos, Shuttle, e passaram vários períodos na estação espacial russa Mir. Estarão prontos para cumprir o seu dever com a Estação Espacial Internacional, em cuja construção a ESA participa como membro de pleno direito.
Projectos espaciais – realizados e por realizar
"O que fazemos seria muito mais chamativo se se pudessem ver os nossos veículos espaciais a passar por cima das nossas cabeças”, aponta Antonio Rodotá, Director Geral da ESA. "Ou também, é claro, suspensos sobre o equador, ou em viagem até ao Sol, ou até Saturno".
Eis aqui os veículos espaciais da Agência Espacial Europeia : alguns já estão operacionais, enquanto que outros prevê-se que sejam lançados antes do final de 2004. Tratam-se de mais de 20 projectos, indicados de acordo com a ordem de lançamento. Podem encontrar-se mais informações acerca destes e de outros projectos anteriores neste mesmo site:
Telescópio Espacial Hubble ( NASA e ESA ) – 1990
Os astrónomos europeus têm garantido o uso deste famoso telescópio espacial de luz visível, graças à participação e contribuições práticas da ESA.
Ulysses ( ESA e NASA, construído na Europa ) – 1990
O primeiro veículo espacial a sobrevoar os pólos do Sol determinou uma mudança profunda nos conhecimentos científicos do vento Solar e do seu magnetismo, que enchem o espaço que nos rodeia.
ERS-2 - 1995
Enquanto continua o aclamado trabalho do ERS-1, examinando a Terra por radar,microondas e infravermelhos,o ERS-2 está equipado com um novo instrumento para a observação do buraco de ozono.
SOHO ( ESA e NASA, construido na Europa ) – 1995
O Observatório Solar e Heliosférico fez muitas descobertas acerca do interior do Sol e da sua atmosfera explosiva, além de seguir as tempestades solares 24 horas por dia.
Huygens (contribuição da ESA à missão Cassini da NASA) – 1997
Em Novembro de 2004, Huygens vai penetrar na bruma da atmosfera de Titan, a lua maior de Saturno, para nos revelar os segredos químicos desse estranho mundo.
XMM-Newton - 1999
O observatório espacial mais sensível alguma vez construído para a Astronomia de Raios-X , graças aos seus três formidáveis telescópios, cada um dotado de 58 espelhos desenhados com extrema precisão encaixados uns nos outros.
Cluster (ESA e NASA, construido na Europa) – 2000
Quatro satelites que operam juntos com a finalidade de dar uma visão sem precedentes, em três dimensões, da luta entre o vento solar e o campo magnético terrestre, para além das tempestades espaciais que acompanham essa luta.
Artemis ( ESA e Japão ) – 2001
Este inovador satélite de comunicações indicará as ligações directas aos utilizadores de unidades móveis na Terra, recolherá dados de outros satélites através de raios laser e transmitirá informações de navegação ao EGNOS ( ver mais abaixo).
Envisat – 2001
O enorme satélite europeu de detecção remota, com o peso de 8 toneladas, observará a Terra com versões actualizadas dos instrumentos utilizados no ERS-2 e também com alguns novos instrumentos.
Braço Robótico Europeu – 2001
Uma das contribuições da ESA para a Estação Espacial Internacional, que será montado num módulo russo mas também útil para os projectos europeus a serem realizados na Estação.
Integral – 2002
O irmão do XMM-Newton usará os seus telescópios engenhosos e detectores sensíveis para observar raios gama vindos de acontecimentos muito violentos no espaço cósmico.
MSG –1 ( ESA e Eumetsat – 2002 ) e MSG-2 aproximadamente 18 meses depois
Os satélites Meteosat de segunda geração vão facilitar informação meteorológica muito mais precisa que os Meteosat’s, em actividade no Equador desde 1977.
SMART-1 – 2002
Este pequeno veículo espacial experimental vai testar o uso de propulsão solar-eléctrica e levará consigo uma série de instrumentos científicos destinados ao estudo da Lua.
Rosetta (ESA , com o lander Franco-Alemão)
O seu objectivo será o cometa Wirtanen : Rosetta vai acompanhá-lo no seu vôo por vários meses, observando-o desde uma órbita próxima e lançando uma pequena sonda na sua superfície.
EGNOS operacional a partir de 2003
O Serviço Geoestacionário Europeu de Assistência à Navegação vai servir-se dos instrumentos a bordo de três satélites geoestacionários e uma rede de estações terrestres, para melhorar a precisão e fiabilidade dos sistemas de navegação americanos e russos.
Mars Express (ESA, com o lander do Reino Unido) – 2003
Durante o estudo mais pormenorizado do Planeta Vermelho jamais empreendido, o Mars Express procurará água ou gelo não visíveis e depositará sobre a superfície de Marte um instrumento sensível a eventuais sinais de vida.
Cryosat – 2003
Cryosat, o primeiro da nova série Earth Explorer da ESA, usará dois radares gémeos para registar, com mais precisão do que nunca, as mudanças nas calotes polares terrestres e marinhas.
METOP-1 (ESA e Eumetsat) – 2003
Enquanto que o Meteosat e o MSG monitorizam a atmosfera a partir do equador, o Metop vai fazê-lo sobrevoando os pólos, com instrumentos avançados.
Veículo automático ATV – 2003
Esta veículo engenhoso levará cargas à Estação Espacial Internacional, atracará automaticamente, corrigirá a órbita da estação, para acabar como incinerador.
Galileo – 2004-2008
Os primeiros satelites do sistema de navegação europeu Galileo, serão testados no espaço em 2004, enquanto que a constelação inteira, de 30 satélites, estará operacional em 2008.
Columbus – 2004
A peça de maiores dimensões que a ESA levará à Estação Espacial Internacional é um laboratório cilíndrico de 6,7 metros da largura, onde os astronautas poderão realizar centenas de experiências por ano.
A Geografia da ESA
"Em qualquer centro da ESA que se visite, poder-se-ão encontrar equipas de especialistas de várias nações trabalhando juntos e com sucesso em projectos arrojados", diz Antonio Rodotá, Director Geral. "Por favor não se esqueçam que é incrivel. Os avós deles andaram aos tiros uns aos os outros".
A Europa é um mosaico de países relativamente pequenos . O seu passado bélico horroriza os historiadores e a sua variedade de culturas encanta os turistas. Desde os filósofos Gregos até à Revolução Industrial, e ainda mais para a frente, este pequeno continente abriu caminho ao Mundo no campo das artes, das ciências e da exploração e também da tecnologia.
Durante os últimos anos do século XX, ainda antes dos políticos empreenderem o caminho da união económica, os cientistas da Europa ocidental deram-se conta de que certos meios, extremamente caros, necessários para a investigação de ponta, excediam os pressupostos científicos individuais das nações. A primeira colaboração em ‘grande ciência’ deu-se no campo de Física das Partículas, em Genebra (CERN, 1993) . A segunda foi a Organização Europeia de Investigação Espacial (ESRO, 1962), com sede em Paris, um dos percursores da Agência Espacial Europeia (ESA, 1975).
Os dez membros fundadores da ESA foram os maiores países da Europa ocidental– França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido – juntamente com a Bélgica, Dinamarca, Holanda, Suécia e Suíça. A estes juntaram-se sucessivamnte outros cinco : Irlanda, Áustria, Noruega, Finlândia e Portugal. Canadá participa como estado colaborador.
A maioria dos Estados Membros pertencem também à União Europeia, mas alguns não. Analogamente, alguns membros da União Europeia não são membros da ESA. Os dois organismos são independentes um do outro, mas interactuam de forma construtiva na elaboração das políticas espaciais da Europa. A mesma situação acontece no Conselho da Europa, no CERN e no Observatório Europeu do Sul, com o qual a ESA mantém estreitas relações científicas. A variedade dos Estados Membros da ESA constitui uma fonte de vitalidade e versatilidade, já que cada país contribui com as suas próprias tradições científicas, conhecimentos tecnológicos, prioridades políticas e estilo cultural.
Cada vez que entra em órbita um novo veículo ESA, mil homens e mulheres em fábricas e laboratórios de todo o continente pulam de alegria e gritam nas suas próprias línguas : ‘Nós contribuimos para a sua construção!’. Por exemplo, no caso do XMM-Newton (1999), os componentes e instrumentos científicos vinham de 14 países europeus diferentes. Todos encaixaram e todos funcionaram.A tecnologia chave dos telescópios de raios-x multi-espelhos nasceu numa pequena cidade da Lombardia rural.
Também a indústria espacial europeia, que facilita os meios para alcançar os objectivos da ESA, está a desenvolver-se mais rapidamente no campo multinacional. Empresas que antes eram as líderes no seu próprio país uniram-se a outras, formando grandes empresas internacionais. Estas fusões estão a criar uma nova geografia para a política da ESA na sua busca de ofertas competitivas e atribuição de contratos nos Estados Membros, proporcionais ás suas contribuições ao orçamento.A política da ESA assegura assim que os Estados Membros mais pequenos e as pequenas empresas não sejam eclipsados pelos países maiores e pelos gigantes aeroespaciais.
As plantas e estações terrestres da ESA estão disseminadas por toda a Europa, também com postos para além das suas fronteiras.
ESA ( Sede da Agência Espacial Europeia ), Paris, França. É aqui que as reuniões de ministros, autoridades e especialistas técnicos dos Estados Membros debatem as grandes decisões, com a assessoria do Director Geral e dos seus colaboradores , que sucessivamente as realizam. Em Paris têm a sua base os directores dos programas ESA de ciência, aplicações e lançadores, assim como autoridades responsáveis por estratégia, política tecnológica, finanças e administração.
ESTEC ( Centro Europeu de Investigação e Tecnologia Espaciais ), Noordwijk, Holanda. É o maior estabelecimento da ESA, e representa o seu interface técnico com a indústria europeia e a comunidade científica. Equipas de técnicos e cientistas estudam propostas e monitorizam o desenvolvimento de veículos espaciais. Aqui encontram-se também os departamentos de ciência espacial e e de ciências terrestres da ESA, assim como a direcção para o vôo espacial tripulado e a investigação em microgravidade. O ESTEC possui os seus próprios laboratórios tecnológicos e amplas instalações, para testar veículos espaciais e componentes em situações extremas que estes experimentam durante o lançamento e no espaço.
ESOC ( Centro Europeu de Operações Espaciais ), Darmstadt, Alemanha. É o centro de controlo de missões da maioria dos projectos espaciais da ESA e geralmente ocupa-se de meia dúzia deles ao mesmo tempo através de uma rede mundial de estações de seguimento. Durante o planeamento do projecto, o ESOC dá informações das órbitas e das ligações na Terra. A utilização das imagens do Meteosat para as previsões meteorológicas e para a investigação climática começou no ESOC, até ao momento que o Eumetsat começou as suas actividades. Outro problema de que se ocupa o ESOC é o risco que poderia representar o lixo espacial : os milhares de fragmentos de ferro-velho em órbita em torno da Terra.
ESRIN, Frascati, Itália. É o principal centro da ESA para a observação da Terra, recolha de dados e imagens dos satélites ERS e para a reunião destes dados com as observações da série SPOT francesa e dos satélites norte-americanos, russos e japoneses.Esta tarefa requer o processamento de dados em larga escala, e será ainda maior depois do lançamento do enorme Envisat-1 da ESA, em 2001. A ESRIN é também o centro dos sistemas de informação da ESA e o canal de informação pública na Rede Mundial – incluindo estas páginas que está a ler.
EAC ( Centro Europeu de Astronautas ), Colonia, Alemanha.É a base do corpo de 16 astronautas da ESA, procedentes de sete países membros. Desde 1990, o EAC disponibiliza treino e apoio médico aos astronautas da ESA em Terra e durante algumas missões espaciais. No futuro, as instalações do EAC servirão nao só os astronautas da ESA mas também os das outras partes do Mundo, que deverão trabalhar com os elementos ESA da Estação Espacial Internacional, incluindo o laboratório Columbus.
CSG ( Centro Espacial da Guiana ), Kourou, Guiana Francesa. Criado e administrado pela agência espacial francesa CNES, a base espacial europeia foi ampliada com o patrocínio da ESA para os lançamentos do Ariane, tanto experimentais como comerciais. O CSG está situado na costa setentrional da América do Sul, o lugar ideal para lançamentos seguros sobre o Oceno Atlântico.Além disso, aproveita a rotação da Terra perto do Equador para ganhar mais de 10% de massa ascendente em comparação com a base norte-americana de Cabo Canaveral.
Estações de terra em Salmijärvi (perto de Kiruna, Suécia), Redu-Bélgica , Villafranca del Castillo-Espanha e Kourou-Guiana Francesa. A estação de Salmijärvi, a elevada altitude, trabalha com os satelites da ESA para a observação da Terra em órbita polar, enquanto que Redu trabalha fundamentalmente com os satélites para telecomunicações de órbita equatorial. Villafranca é famosa pelo seu trabalho com os satélites astronómicos da ESA ( actualmente o XMM ) e acolhe cientistas que planeiam as observações e elaboram e arquivam os resultados. A estação de Kourou tem como área principal a de comunicar com os satelites logo após o seu lançamento. A ESA usa também uma estação em Perth ( Austrália) e tem acesso a outras estações em todo o Mundo, quando as missões assim o exigem.
Outros postos. Alguns membros do pessoal da ESA estão a trabalhar nos centros operacionais das missões ESA-NASA Ulysses e SOHO, no NASA JPL e no NASA Goddard, respectivamente, assim como no Instituto de Ciências Telescópicas Espaciais de Baltimore, Maryland. O Centro de Coordenação Europeu para o Telescópio Espacial Hubble da ESA-NASA e para o Telescópio Espacial da Próxima Geração encontra-se na sede do Observatório Europeu do Sul em Garching, Alemanha. A ESA mantém gabinetes permanentes de ligação em Bruxelas, Toulose, Washington DC e Moscovo.
Para servir a Europa e os seus cidadãos
"A minha cruzada pessoal é em nome do povo", diz Antonio Rodotá, Director Geral da ESA. "Quero ter a certeza que os projectos espaciais Europeus oferecem benefícios evidentes aos contribuintes que os possibilitam".
Nas novas empresas, preferir investimentos privados aos públicos é agora um hábito, mas ainda assim, paradoxalmente, o gasto público no apoio à tecnologia espacial das empresas privadas é maior na cidadela Americana do capitalismo. Na Europa, embora a população e o produto económico bruto sejam maiores que nos Estados Unidos , os gastos na Investigação e Tecnologia Espaciais são muito inferiores. Na opinião de certos europeus, o espaço é uma extravagância, irrelevante face aos problemas reais do Mundo. O espaço, mesmo quando suscita entusiasmo e quando se reconhece a sua potencial rentabilidade, tem sempre que competir com outras aplicações do dinheiro público, incluindo a ciência e tecnologia terrestres de excelente nível.
Num continente democrático, a Agência Espacial Europeia acata as decisões adoptadas pelos representantes dos governos eleitos nos Estados Membros. Porém, é típico da natureza dos projectos espaciais amadurecer em tempos mais longos do que a própria duração de um governo. Na sua qualidade de fonte de visão e estratégias para os esforços europeus combinados, a ESA não cumpriria o seu dever se não justificasse repetidamente a causa do espaço e das próprias actividades.
Deve fazer-se uma distinção entre o programa espacial ‘obrigatório’ e os serviços gerais da ESA, pelo qual todos os Estados Membros devem pagar em proporção com a sua riqueza nacional e entre a maior parte do orçamento da ESA, que se dedica a programas ‘facultativos’, para os quais os países contribuem com o que querem – em alguns casos, nada. Mas a sobreposição e continuidade dos dois tipos de programas facilita a tarefa de resumir,numa única lista,os benefícios com que a ESA brinda a Europa.
Benefícios para os cidadãos
Os benefícios que os cidadãos da Europa podem esperar dos programas da ESA compreendem: previsões meteorológicas mais precisas, prestações melhores nas telecomunicações pessoais e navegação espacial mais segura.
O gasto público, feito através da ESA, no controlo da poluição, no seguimento dos desastres e nas operações de assistência, busca e salvamento, etc., vão muito mais além do alcance que as empresas privadas têm.
A exploração do espaço é emocionante e a ESA está a multiplicar os seus esforços de maneira a assegurar que o público participe na aventura, por intermédio da imprensa, da televisão e da internet.
O espaço também tem um enorme poder educacional ao abrir a imaginação dos jovens e eventualmente a aliciar os estudantes a aprender um pouco mais de Física e Engenharia.
Todos se interrogaram pelo seu próprio lugar no espaço e no tempo e pelas nossas relações com o Universo: as missões científicas da ESA no espaço contribuem muito para iluminar estas questões.
Benefícios ambientais
Na Europa, assim como no resto do Mundo, todos querem salvaguardar o ambiente: os principais programas da ESA para o controlo e vigilância da Terra a partir do espaço são indispensáveis a este fim.
O novo programa da ESA, Earth Explorer, ajudará a preencher as lacunas nos nossos conhecimentos das mudanças globais, através de sondas mais perfeitas necessárias para avaliar exactamente as relações causa-efeito.
Um objectivo primário ao qual aponta a ciência espacial da ESA é o Sol, que dá energia ao ambiente Terrestre, e as suas tempestades, que afectam os nossos sistemas tecnológicos e também o clima.
As comparações com outros planetas, um sector em que a ESA tem agora um papel significativo, darão o resultado de uma maior compreensão das qualidades únicas da Terra como albergue para a vida.
Com a crescente consciência pública e política da ameaça dos impactos cósmicos, a ESA apoia projectos de busca de asteróides errantes, desde a Terra e desde o espaço.
Ao serviço da Europa
A ESA responde às solicitações, sejam elas missões espaciais que a comunidade científica requer, ou navegação espacial autónoma que a União Europeia necessita.
Todos os programas e projectos da ESA desenvolvem-se a partir da interacção em todos os campos com especialistas técnicos do continente inteiro, com produtores e potenciais utilizadores.
As aplicações realizadas pela ESA são sucessivamente dirigidas por novas companhias europeias; em particular, Arianespace para os lançamentos, Eutelsat para as telecomunicações e Eumetsat para os satélites meteorológicos.
As estreitas relações com as várias agências espaciais nacionais dos Estados Membros, cada uma com as suas prioridades e os seus próprios projectos, resultam em muitos benefícios mútuos e intercâmbio de ideias.
Tanto o Observatório Europeu do Sul como o CERN (Laboratório Europeu de Física das Partículas), assim como a Fundação Europeia da Ciência têm relações frutíferas com o programa científico da ESA.
Os organismos de ajuda dos Estados Membros e da União Europeia, assim como o gabinete das Nações Unidas para os Assuntos do Espaço Exterior, apreciam a ajuda da ESA ao levar os benefícios da campo espacial aos países em vias de desenvolvimento.
Benefícios Económicos e Tecnológicos
Podem obter-se benefícios do espaço, como o demonstraram os lançadores Ariane : trata-se de tecnologia de alto nivel que a Europa precisa para manter o seu poderio industrial.
A ESA estimula e apoia a inovação pré-competitiva nas indústrias espaciais europeias e ao mesmo tempo cria novos mercados e novos postos de trabalho, com o objectivo de assegurar a prosperidade comercial a nivel mundial.
A maioria das contribuições dos Estados Membros para o orçamento da ESA voltam directamente aos mesmos na forma de contratos com as suas indústrias, o que ajuda a criar e a preservar postos de trabalho.
Todos os projectos espaciais da ESA são inovadores e, em particular, os projectos cientícos mais arrojados contribuem para ampliar o alcance das capacidades europeias no campo da tecnologia espacial.
As políticas contratuais da ESA fomentam uma estreita colaboração além-fronteiras entre as indústrias europeias e ao mesmo tempo asseguram a competividade, contrato por contrato.
Uma iniciativa especial torna o acesso aos programas da ESA mais fácil para pequenas e médias empresas, dando prioridade a firmas inovadoras de alta tecnologia vinculadas a Universidades.
A ESA e os seus contratados industriais promovem activamente as actividades terrestres que resultam da tecnologia espacial; por exemplo, a localização de minas terrestres através de um radar desenhado para a exploração de Marte.
Benefícios Culturais e Políticos
Hoje a exploração do espaço é parte do panorama político e cultural assim como o foram as explorações oceânicas há 400 anos atrás : A Europa optou por ser um actor em vez de um simples espectador.
Através da ESA, os Estados Membros conseguiram fazer muito mais pela exploração espacial e pelo seu uso para fins práticos do que a maioria deles se o fizessem ou o tentassem fazer individualmente.
Através dos seus dinâmicos programas espaciais, a ESA contribui activamente para evitar o desastroso êxodo de cérebros com talentos cientícos e tecnológicos para outras partes do Mundo.
A exploração do espaço representa uma força reunificadora dos conhecimentos e capacidades humanas, contrastando com os seus projectos multidisciplinares a tendência para a especialização excessiva.
O aspecto político mais importante é o desejo de assegurar a paz e o espaço, um compromisso da ESA que passamos a descrever na secção final.
Fins exclusivamente pacíficos
"Ao longo este século, a espécie humana tomará decisões maravilhosas acerca das utilizações do espaço e de todo o Sistema Solar," diz Antonio Rodotá, Director Geral da ESA. "Deveremos ser suficientemente fortes para garantir que a Europa esteja presente no momento em que se tomam as decisões."
A exploração do espaço começou com uma intensa competição entre a União Soviética e os Estados Unidos para o comando durante a Guerra Fria. Já se desenhavam os satélites para vigilância militar antes do lançamento do primeiro Sputnik, em 1957. Os mísseis destinados a levar armas nucleares foram transformados em foguetões de lançamento. As proezas registadas na ciência espacial com fins civis, a exploração da Lua, a observação da Terra e as telecomunicações foram em grande parte derivados dos programas militares ou dos desejos das superpotências em demonstrar a sua superioridade na tecnologia espacial. A Guerra Fria e a corrida ao espaço culminaram com o que se chama a ‘Guerra das Estrelas’, a Iniciativa de Defesa Estratégica dos E.U.A. dos anos 80, destinada a destruír os mísseis nucleares durante o vôo.
Assim era o Mundo em que a Agência Espacial Europeia nasceu e a promessa contida no acordo de promover a cooperação no espaço com ‘fins exclusivamente pacíficos’ soava muito mais forte nos anos 70 do que hoje em dia. Mas seria ingénuo pensar que o fim da Guerra Fria tinha determinado também o fim da utilização do espaço com objectivos militares: os Estados Unidos, a China, a Rússia e alguns Estados Membros da ESA ainda prosseguem os seus programas militares.
Quanto mais valioso parece o espaço, maior é o potencial de conflito. Um ataque contra um satélite chave poderia provocar uma Guerra na Terra: o cenário mais assustador é a possibilidade de estender ao espaço as guerras navais e a competição pela conquista de territórios, recursos e vantagens estratégicas que assolaram os oceanos Terrestres entre os séculos XVI e XX. A colocação no espaço de armas nucleares mais potentes de maneira a desviar ou destruir asteróides em trajectórias de colisão com a Terra tem intenções mais benignas, mas não é uma medida que se possa tomar facilmente.
O carácter multinacional da ESA e o seu expresso compromisso para com actividades pacíficas conferem-lhe um lugar especial entre as agências espaciais do Mundo. Promover a colaboração mundial no campo das actividades espaciais pacíficas pode ser uma maneira para evitar um conflito no espaço. A ESA tem colaborações bilaterais com outras agências em tantas missões espaciais que necessita manter gabinetes permanentes em Washington e Moscovo – podemos chamar-lhes ‘embaixadas do espaço’.
Durante a Guerra Fria, a ESA patrocinou um intercâmbio de quatro vias entre as agências espaciais dos Estados Unidos, da União Soviética e do Japão, no Grupo Consultivo das Inter-Agências para as Ciências do Espaço, instituído em Pádua, Itália. A sua tarefa principal foi a de coordenar as observações das cinco sondas que haveriam de interceptar o cometa Halley em 1986. Actualmente, há uma intensa colaboração para um segundo programa inter-agências sobre a ciência solar-terrestre. Em 1999, surgiu um terceiro tema: outra exploração de cometas e asteróides. A ESA participa também na Estação Espacial Internacional, que se pode interpretar como a celebração multilateral no espaço do fim da Guerra Fria.
Já existe uma primeira estrutura de direito internacional espacial, com a finalidade de moderar a militarização e minimizar as discussões acerca das utilizações civis do espaço. Neste sentido, já temos um Tratado para o Espaço Externo, um Tratado sobre a Lua, uma série de Resoluções e Princípios das Nações Unidas, para além de um corpo crescente de lei de precedentes. Em 1989, a ESA criou a Centro Europeu de Direito Espacial, com o fim de melhorar a investigação, educação e prática neste aspecto das relações internacionais, cada vez mais importante e complexo.
A força da voz da ESA na diplomacia espacial dependerá do seu nivel de compromisso prático respeitante aos temas em discussão. Um caso exemplar é o do planeta Marte: surgiram controvérsias acerca da segurança de trazer amostras Marcianas para a Terra ou acerca do estabelecimento de estações tripuladas na superfície de Marte versus a possibilidade de tratar o Planeta Vermelho com uma reserva natural. Até agora, somente os E.U.A. e a Rússia (esta a uma menor dimensão) enviaram sondas para Marte. Dar-se-á início a uma nova era quando chegar ao planeta a Mars Express da ESA, em 2003. Se chegar a realizar as tarefas esperadas num programa internacional de exploração científica do planeta, o Mars Express dará à ESA mais autoridade para debater questões relativas sobre o planeta, em nome da Europa.