Chuva de Saturno cai da lua Enceladus
O observatório espacial Herschel mostrou que a água expelida pela lua Enceladus forma um enorme anel de vapor de água à volta de Saturno. Esta descoberta vem resolver um mistério com 14 anos, ao identificar a fonte de água na alta atmosfera de Saturno.
Estes resultados significam que Enceladus é, até agora, a única lua do Sistema Solar a influenciar a composição química do seu planeta. A cada segundo, a Enceladus expele 250 kg de vapor de água, em jactos a partir da região polar sul. Esta região é conhecida como Tiger Stripes – listas de tigre – à conta das marcas que ficam à superfície.
Estas cruciais observações revelam que a água cria um toro de vapor à volta do planeta dos anéis.
A largura total do toro é dez vezes superior ao raio de Saturno, no entanto a sua espessura é apenas de um raio de Saturno. A Enceladus gira à volta do planeta a uma distância de cerca de quatro raios, alimentando o toro com jactos de água.
Estas cruciais observações revelam que a água cria um toro de vapor à volta do planeta dos anéis.
A largura total do toro é dez vezes superior ao raio de Saturno, no entanto a sua espessura é apenas de um raio de Saturno.
Apesar das suas dimensões, tem escapado à detecção porque o vapor de água é transparente à luz visível mas não aos infra-vermelhos, a gama onde o Herschel foi desenhado para ver.
Sabia-se que nas camadas mais profundas da atmosfera de Saturno existem vestígios de água no estado gasoso. Mas a presença de água nas suas camadas superiores da atmosfera tem permanecido um enigma.
Detectada pela primeira vez em 1997 pelo Infrared Space Observatory da ESA, a fonte desta água permaneceu uma incógnita até agora. Modelos computacionais das últimas observações do Herschel mostram que cerca de 3 a 5 % da água expelida pela Enceladus acabam por cair em Saturno.
«Não há qualquer fenómeno semelhante a este na Terra,» diz Paul Hartogh, do Max-Planck-Institut für Sonnensystemforschung, Katlenburg-Lindau, na Alemanha, que coordenou a análise dos resultados.
«Na nossa atmosfera não entram quantidades significativas de vapor, vindo do espaço. Isto é um fenómeno exclusivo de Saturno.»
Apesar de a maior parte da água de Enceladus se perder no espaço, congelando-se nos anéis ou até caindo noutras luas de Saturno, a pequena fracção que cai no planeta é suficiente para explicar a existência de água na alta atmosfera do planeta.
Esta água também é responsável pela existência de compostos oxidados, como o dióxido de carbono.
A água nas camadas superiores da atmosfera de Saturno é transportada para níveis mais baixos, onde condensa. Mas a quantidade é tão baixa que as nuvens resultantes não são observáveis.
«O Herschel mostrou mais uma vez a sua importância. Estas são observações que só o Herschel pode fazer,» diz Göran Pilbratt, cientista de projecto da ESA para o Herschel.
«O Infrared Space Observatory encontrou vapor de água na atmosfera de Saturno. Depois a missão da NASA/ESA Cassini/Huygens detectou os jactos de Enceladus. Agora o Herschel mostrou como se encaixam todas estas observações.»