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Fragmented terrain on Mars
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Duas metades de um todo

13/02/2020 243 views 2 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Marte é um mundo de duas metades, como destaca esta nova imagem do Mars Express da ESA, que mostra onde estas regiões, dramaticamente diferentes, se reúnem como uma só.

A morfologia e as características da superfície marciana diferem significativamente, dependendo da localização. O hemisfério norte de Marte é plano, liso e, nalguns lugares, fica alguns quilómetros abaixo do sul. Por outro lado, o hemisfério sul é fortemente coberto de crateras e salpicado de áreas de atividade vulcânica passada.

The topography of Nilosyrtis Mensae
The topography of Nilosyrtis Mensae

Uma zona de transição conhecida como ‘fronteira de dicotomia’ separa as planícies do norte e as terras altas do sul. Grande parte desta região está repleta de algo que os cientistas chamam de terreno acidentado: faixas de terreno quebradas, desfeitas e fragmentadas, onde o sul marciano áspero e juncado dá lugar ao norte mais suave.

Esta nova imagem da Câmara Estéreo de Alta Resolução do Mars Express (HRSC, sigla em inglês) mostra exatamente isso: uma região de terreno acidentado denominada Nilosyrtis Mensae.

Nilosyrtis Mensae em 3D
Nilosyrtis Mensae em 3D

Nilosyrtis Mensae tem uma aparência labiríntica, com inúmeros canais e vales a esculpir o terreno. Água, vento e gelo afetam fortemente esta região, dissecando e corroendo o terreno, juntamente com mudanças na geologia marciana: os vales que se formaram ao longo do tempo e cortaram toda a região, e as crateras de impacto, outrora definidas, degradaram-se lentamente, as suas paredes e características desgastaram-se gradualmente.

A grande cratera à direita da estrutura é um exemplo dessa degradação: tem uma aparência arredondada e suave, com paredes levemente inclinadas, bordas suavizadas e um fundo plano que foi ampliado e preenchido por material sedimentar, ao longo do tempo. Esta morfologia desgastada reflete a idade avançada da cratera e os níveis de erosão sofridos desde a sua formação.

Vista em perspetiva de Nilosyrtis Mensae
Vista em perspetiva de Nilosyrtis Mensae

Tais processos de erosão também criaram colinas arredondadas e colinas isoladas de topo plano, ou ‘mesas’, que são visíveis dentro da cratera e, mais amplamente, por toda a região. Destacam-se do ambiente circundante como características isoladas e contribuem para a aparência irregular e fraturada de terrenos acidentados.

Os cientistas estão interessados em Nilosyrtis Mensae, não apenas pela sua localização nesta intrigante zona de transição entre o norte e o sul, mas também pelos segredos que esta pode guardar sobre a história da água em Marte.

Nilosyrtis Mensae em contexto
Nilosyrtis Mensae em contexto

Observações desta região por missões como a Mars Express revelaram cordilheiras, sulcos e outras texturas de superfície indicativas de fluxo de material - provavelmente gelo.

O clima e a atmosfera antigos de Marte permitiram que o gelo e a neve se acumulassem e se movessem pela superfície do planeta.

Pensa-se que o gelo tenha fluído através dos vários vales e dos planaltos nesta região, na forma de glaciares de movimento lento que varreram detritos enquanto viajavam. Tais características seriam semelhantes aos glaciares de rochas aqui na Terra: fluxos gelados cobertos por camadas de lama e sedimentos, ou misturas fluidas de gelo, lama, neve e rocha, intercaladas com seixos e rochas maiores.

Estudar e caracterizar os vários processos em jogo na superfície de Marte é um dos principais objetivos do Mars Express. Lançado em 2003, o satélite orbita o Planeta Vermelho há mais de uma década e meia. Enquanto isso, o ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) da ESA-Roscosmos ingressou em 2016 e, em breve, será acompanhado pelo rover ExoMars Rosalind Franklin e a sua plataforma científica da superfície, com lançamento programado para julho.

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