O espaço documentado
Em 2011, o artista Edgar Martins propôs à Agência Espacial Europeia a produção da mais completa descrição de sempre da atividade da organização. O resultado é a exposição A Impossibilidade Poética de Conter o Infinito, patente na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e que mostra os programas de microgravidade, navegação, telecomunicação, exploração lunar, exploração de Marte e de Mercúrio, entre outros.
O artista português sempre teve um grande interesse pelos temas do espaço e do infinito, o que tem sido, aliás, uma temática recorrente no seu trabalho. Bem como a fusão dos conceitos: infinitamente grande, infinitamente pequeno.
Um parceiro fantástico
A colaboração da ESA, que lhe abriu as portas a mais de 20 locais de exploração e desenvolvimento, foi, na opinião de Edgar Martins, «um grande salto para uma instituição que não tem um historial de diálogo com as artes». Inaugurada a 26 de junho, na presença do presidente da Fundação Gulbenkian, Artur Santos Silva, a exposição de sessenta fotografias estará disponível até ao dia 7 de setembro.
«A ESA foi um parceiro fantástico», sublinha o artista, que teve grande liberdade de movimentos durante o trabalho.
Dezoito meses de trabalho
Durante 18 meses, Edgar andou pelo Reino Unido, Holanda, França, Alemanha, Itália, Espanha, Rússia, Cazaquistão, Guiana Francesa, visitando centros de testes, departamentos de robótica, laboratórios de propulsão a jacto, simuladores espaciais, plataformas de lançamento, centros de treino de astronautas, satélites e componentes tecnológicos ou salas de montagem de lançadores/carga e de integração.
Algumas das fotos exigiram tempos de exposição de uma hora e meia e a colocação de 200 flashes manuais. O resultado é sempre uma surpresa, já que Edgar não usa máquina digital.
«Trabalhar este tema durante quase dois anos reforçou a minha convicção de que, lentamente, estamos a chegar a uma nova imagem do Universo em que se dilatam os limites do entendimento das atuais teorias cosmológicas,» resume Edgar Martins.