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Ilustração do ATV-2 durante a reentrada
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O fim do ATV Johannes Kepler

21/06/2011 289 views 0 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

Uma espectacular estrela cadente por cima do Pacífico marcou o final da missão da nave de carga europeia não tripulada, o ATV. O contacto com a nave perdeu-se ontem, Terça-feira, às 20:41:39 GMT (22:41:39 CEST), a uma altitude de 80 km.

Depois de uma separação sem falhas da Estação Espacial Internacional, na segunda-feira, às 14:46 GMT (16:46 CEST), o Veículo de Transferência Automatizado voou sozinho enquanto o seu centro de controlo, em Toulouse, França, preparava a nave para a sua reentrada.

Uma manobra não planeada teve ainda de ser cumprida: contornar um detrito especial, cerca de duas horas após a saída da Estação.

Depois de um aviso da NASA de que um objecto iria passar a cerca de 50 metros, o ATV-2 disparou os motores por um instante, para se desviar do perigo.

A tonelada de combustível que sobrava nos seus tanques era mais do que suficiente para a manobra de reentrada e para qualquer contingência. A inesperada manobra de escape aos detritos demonstrou mais uma vez a grande capacidade de adaptação do ATV.

Os últimos momentos do Johannes Kepler

Os directores de missão no centro de controlo do ATV
Os directores de missão no centro de controlo do ATV

Ontem, às 17:07 GMT (19:07 CEST), o ATV disparou os seus motores, entrando numa órbita elíptica, que o transportou para o segundo disparo às 20:04 GMT (22:04 CEST), que o posicionou em direcção ao seu alvo no Pacífico.

A primeira ignição durou 10 minutos e 9 segundos e a segunda 14 minutos e 9 segundos.

Mesmo antes de tocar na atmosfera, foram dadas indicações ao Johannes Kepler para este começar a dar cambalhotas, garantindo que se desintegraria e incendiaria em segurança.

As peças que sobreviveram – como o pesado equipamento de acoplagem e os motores principais, desenhados para aguentar temperaturas extremas – atingiram o oceano por volta das 21h GMT (23h CEST). Não havia qualquer material perigoso a bordo do ATV.

A reentrada destrutiva aconteceu exactamente como planeado, por cima de uma área desabitada do Pacífico Sul, cerca de 2500 km a este da Nova Zelândia, 6000 km a oeste do Chile e 2500 km a sul da Polinésia Francesa.

A acoplagem do <i>Johannes Kepler</i> à Estação, em 24 de Fevereiro
A acoplagem do Johannes Kepler à Estação, em 24 de Fevereiro

«A missão do ATV-2 decorreu sem problemas. Durante estes quatro meses apenas tivemos de tratar de questões menores, resolvidas rapidamente pela nossa equipa,» disse Nico Dettmann, responsável da ESA pelo programa ATV.

«O ATV demonstrou novamente a sua capacidade para servir a Estação e aguardamos pelo próximo, Edoardo Amaldi, que seguirá para Kourou em Agosto, para um lançamento no início de 2012.»

«Quebrámos muitos recordes com o ATV-2», continuou Alberto Novelli, Responsável da ESA pelas Operações de Missão do ATV.

«Tratou-se não só da carga mais pesada alguma vez lançada pela ESA e o foguete Ariane 5, como os motores do ATV representaram o maior impulso alguma vez dado aos voos tripulados, desde as missões Apollo à Lua: levantamos a órbita da Estação mais de 40 quilómetros.»

Reentrada analisada

O ATV-1 a arder durante a reentrada em 2008
O ATV-1 a arder durante a reentrada em 2008

Os últimos momentos do ATV foram gravados por uma caixa negra protótipo, fornecida pelo US Center for Orbital and Reentry Debris Studies. O transportador japonês HTV-2 transportou um gravador semelhante durante a sua reentrada a 28 de Março.

O pequeno aparelho recolheu informação acerca da aceleração, rotação, direcção, guinada, temperaturas e coordenadas GPS.

Depois de recolhida a informação, desceu sozinho, protegido por um escudo térmico próprio, e transmitiu os dados guardados através do sistema de comunicações Iridium.

A informação irá ajudar a prever o que acontece ao hardware especial durante a reentrada e separação, sob calor e carga aerodinâmicos.

O que ajudará no desenho de futuras naves espaciais, de forma a evitar o risco de acidentes durante a reentrada na atmosfera.

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