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Nitrogen dioxide concentrations over Europe
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Poluição do ar num mundo pós-COVID-19

18/09/2020 1953 views 2 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

A poluição do ar é um dos maiores problemas ambientais do nosso tempo. De acordo com um novo relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA), a poluição do ar é agora responsável por uma em cada oito mortes na Europa. As observações do satélite Copernicus Sentinel-5P têm sido vitais no rastreio da evolução da poluição do ar, especificamente as concentrações de dióxido de azoto, em toda a Europa.

Este ano, os dados de satélite foram amplamente usados para monitorizar flutuações na qualidade do ar causadas por medidas estritas da COVID-19. O satélite Copernicus Sentinel-5P, parte do programa europeu Copernicus, tem mapeado continuamente as mudanças na poluição do ar desde o seu lançamento em 2017.

Cientistas do Instituto Real de Meteorologia dos Países Baixos (KNMI) e do Instituto Real Belga de Aeronomia Espacial (BIRA-IASB) usaram dados de satélite do Sentinel-5P e dados terrestres para identificar a correlação entre a COVID-19 e os efeitos da poluição do ar em toda a Europa.

O gráfico abaixo mostra as concentrações médias de dióxido de azoto nas cinco principais cidades europeias - Milão, Madrid, Paris, Berlim e Budapeste. O painel superior mostra as concentrações (usando uma média móvel de 14 dias) em 2019 em comparação com 2020 usando dados do Sentinel-5P, enquanto o painel inferior mostra observações in situ.

Concentrações de dióxido de azoto observadas nas principais cidades europeias
Concentrações de dióxido de azoto observadas nas principais cidades europeias

Os tons de cinza denotam os períodos de confinamento em 2020, movendo-se progressivamente de medidas estritas (cinza escuro) para mais flexíveis (cinza claro). As percentagens assinaladas a vermelho representam a redução em 2020 em relação a 2019, no mesmo período.

Os dados mostram que as reduções mais fortes de 40-50% foram observadas na primeira fase do confinamento no sul da Europa, especificamente Espanha, Itália e França. Em julho e agosto de 2020, os dados sugerem que as concentrações ainda são 10% a 20% inferiores aos níveis pré-COVID.

Bas Mijling, cientista atmosférico do KNMI, comenta: “As medidas de quarentena implementadas em Berlim levaram a uma queda de cerca de 20%, com pequenas variações observadas até agosto de 2020. Na Europa Oriental, o impacto das medidas foi geralmente menos dramático do que no sul da Europa e na França, onde reduções de aproximadamente 40–50% foram observadas durante os rígidos confinamentos de março e abril.                                                                               

“Estão a decorrer, atualmente, mais pesquisas como parte do projeto ICOVAC da ESA, ou estudo do impacto das medidas de confinamento da COVID-19 na qualidade do ar e no clima.”

Jenny Stavrakou, cientista atmosférica do BIRA-IASB, acrescenta: “O impacto da meteorologia nas observações de dióxido de azoto pode ser significativo e não deve ser esquecido. É por isso que é necessário analisar os dados ao longo de períodos de tempo mais longos, para melhor estimar o impacto da atividade humana nas observações.”

Ela continua, “Para a comparação média mensal de 2019 e 2020, estimámos uma incerteza na redução induzida pela COVID-19 de cerca de 15–20%. Ao comparar as reduções nos dados baseados em satélite e nos dados baseados no solo para diferentes cidades, encontramos diferenças em conformidade satisfatórias dentro das incertezas devidas à variabilidade meteorológica.”

O Diretor da Missão Copernicus Sentinel-5P da ESA, Claus Zehner, diz: “O que é realmente notável é o bom acordo entre os dados do satélite Sentinel-5P e as medições baseadas no solo. Isto demonstra que a monitorização da qualidade do ar a partir do espaço pode contribuir para relatórios regulares de qualidade do ar em países europeus, o que só foi feito, até agora, usando medições baseadas no solo.”

Concentrações de dióxido de azoto em áreas densamente povoadas e industrializadas da Europa
Concentrações de dióxido de azoto em áreas densamente povoadas e industrializadas da Europa

Os confinamentos na Europa, entre março e abril, levaram a quedas significativas dos níveis de dióxido de azoto em áreas densamente povoadas e industrializadas da Europa, incluindo as regiões do Ruhr, na Alemanha, e Po Valley, no norte da Itália.

Estas reduções são atribuídas à significativa contribuição do tráfego, bem como dos setores industrial e de energia para os níveis de dióxido de azoto. As concentrações parecem retornar aos níveis quase normais em julho-agosto de 2020, exceto em grandes cidades onde as atividades humanas ainda não foram totalmente retomadas.

O dióxido de azoto é libertado na atmosfera durante a combustão do combustível de veículos, centrais elétricas e instalações industriais e pode ter impactos significativos na saúde humana - aumentando a probabilidade de desenvolver problemas respiratórios. O Copernicus Sentinel-5P carrega o instrumento Tropomi - um instrumento de última geração que deteta a impressão digital exclusiva de gases atmosféricos para gerar imagens de poluentes atmosféricos com maior precisão e numa resolução espacial mais alta do que nunca.

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