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A distância mais curta entre a Terra e Marte
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Encontros mais próximos com Marte

27/08/2003 3411 views 2 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

A 27 de Agosto de 2003, Marte está a menos de 56 milhões de quilómetros de distância — aproximando-se mais do nosso planeta do que o fez em mais de 60.000 anos.

Sensivelmente ao mesmo tempo desta aproximação, a missão da ESA para o Planeta Vermelho, Mars Express, passa a marca de metade do caminho da sua viagem, em termos de distância ao longo da sua trajectória. A 1 de Setembro de 2003, à velocidade relâmpago de 10.800 quilómetros por hora através do espaço, a nave espacial terá feito mais de 242 milhões de quilómetros, metade do total dos 485 milhões de quilómetros necessários para chegar a Marte. De salientar que a distância percorrida não é igual à distância entre a Terra e Marte.

À primeira vista, poder-se-ia pensar que esta altura seria melhor do que há três meses atrás para lançar uma nave espacial para Marte, devido à vantagem de um caminho mais curto. No entanto, o planeamento das viagens interplanetárias é mais complicado do que ter apenas em linha de conta as distâncias.

A descolagem da Mars Express
A descolagem da Mars Express

Isto deve-se ao facto dos planetas também se movimentarem nas suas respectivas órbitas. Quando se pretende que uma nave espacial se encontre com outro objecto no espaço, é necessário programar cuidadosamente o seu lançamento de modo que as órbitas coincidam nalgum ponto no futuro.

Imaginemos o Sistema Solar como uma pista de corridas de atletismo. Se estivermos a ver uma corrida de 400 metros a partir do centro da pista e se pretendermos interceptar um dos atletas participantes, podemos simplesmente perseguir o corredor que queremos apanhar. Se formos suficientemente rápidos, podemos eventualmente apanhá-lo mas só depois de usarmos uma grande quantidade de energia e de percorrermos um longo caminho.

Uma maneira muito melhor de apanhar o atleta é caminhar do centro para o outro lado da pista circular. É uma distância muito mais curta e utiliza-se muito menos energia e tempo para se chegar lá. O percurso é calculado de modo a chegar-se ao outro lado da pista ao mesmo tempo que os atletas. Demasiado cedo e teremos que esperar por eles. Demasiado tarde e perdemo-los completamente — teriamos que esperar uma volta à pista para que eles regressem ao mesmo sítio.

Nos voos espaciais os caminhos em linha recta não existem, pela mesma razão. Todos os planetas se movimentam em caminhos longos e curvos em redor do Sol, nas suas órbitas circulares ou elípticas. Para atingir Marte, a sonda Mars Express encontra-se agora numa trajectória, uma rota em forma de arco, que faz gradualmente o seu caminho exterior até interceptar a órbita de Marte, cerca de seis meses após o lançamento.

Não é por coincidência que a esquadra de sondas espaciais que estão agora em direcção a Marte foram lançadas com intervalos de semanas entre elas em 2003. Mesmo com as posições relativamente próximas dos planetas, o que poderia encurtar os tempos de viagem, os cientistas continuariam a ter que calcular a trajectória mais pequena entre as órbitas da Terra e Marte. Faz sentido que isto ocorra em torno ao período de maior aproximação. Após ter sido estabelecido o caminho mais curto, podemos então trabalhar para obtermos as datas de lançamento actuais.

Mais sobre aproximação e oposição

Marte - O alvo da ESA para 2003
Marte - O alvo da ESA para 2003

Apesar de Marte estar mais próximo da Terra a 27 de Agosto de 2003, a ‘oposição’ acontecerá a 28 de Agosto de 2003. Os astrónomos descrevem este momento, como aquele em que o Sol, a Terra e Marte formam uma oposição em linha recta. Visto que estamos mais próximos do Sol do que Marte, isto também acontece quando estamos a ultrapassar Marte nas nossas respectivas órbitas.

A uma distância exacta de 55 758 006 quilómetros da Terra, o Planeta Vermelho será mais brilhante do que Júpiter e todas as estrelas no céu nocturno, sendo apenas ultrapassado em brilho por Vénus e pela Lua. Não será visto nenhum corpo gigante no céu, mas poder-se-á distinguir a cor vermelha-alaranjada típica de Marte. Os astrónomos amadores com telescópios de boas dimensões poderão ver algumas das características do planeta, como a camada de gelo polar, os aspectos da superfície escura, e talvez mesmo nuvens de tempestade.

Sendo esta aproximação tão interessante, os astrónomos profissionais procurarão obter ainda melhores informações sobre Marte. Sondas que se encontram em órbita em torno do planeta estudaram Marte e algumas naves espaciais chegaram mesmo a aterrar nele. No final deste ano os nossos conhecimentos serão dramaticamente enriquecidos quando a frota de naves espaciais, incluindo a europeia Mars Express, se aproximar do Planeta Vermelho.

A Mars Express ajudará a responder às perguntas acerca da existência de água e da possibilidade de vida em Marte. A sonda fará um mapeamento do subsolo, da superfície, da atmosfera e da ionosfera de Marte a partir de uma posição orbital e através da realização de observações e experiências na superfície.

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