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Paolo Nespoli, o espaço não tem idade

17/07/2017 413 views 1 likes
ESA / Space in Member States / Portugal

No ano em que Paolo Nespoli nasceu, o Sputnik era lançado para tornar-se no primeiro satélite em órbita. Os primeiros passos da aventura espacial seriam em seguida marcados pela viagem de Iuri Gagarin, o primeiro homem no espaço, e pelas missões Apollo. 

"Eu cresci a ver foguetões a serem lançados para conquistar a Lua. Lembro-me de ver desenhos animados como 'Os Jetsons', que eram uma família que vivia fora do planeta e que andava com uma espécie de scooters espaciais...", conta-nos Nespoli. 

Uma nova missão espacial implica sempre uma reaprendizagem da vida num contexto de microgravidade e um período de adaptação após a chegada à plataforma internacional.

"Quando são missões de longa duração, como esta que vou iniciar agora, tornamo-nos como que parte da estação, temos de encontrar a forma de nos sentirmos confortáveis a bordo. De certa maneira, é como se nos tornássemos em super-homens, até porque voamos, literalmente. Tudo isto leva entre 4 a 6 semanas, até nos podermos mexer à vontade sem ter de calcular como não chocar com as coisas...", afirma. 

Em 2007, este astronauta italiano da ESA (a Agência Espacial Europeia) participou na construção da estação espacial. Em 2011, passou 6 meses a bordo. O que é que vai mudar desta vez? "Desta vez, vou tentar aproveitar mais a experiência de estar no espaço em vez me focar apenas em ser eficiente e nos resultados que tenho de alcançar", responde. 

A próxima tripulação irá conduzir perto de duas centenas de experiências científicas. A microgravidade torna a estação num laboratório orbital para os cientistas que orientam os testes a partir da Terra. 

Para Nespoli, "o prazer da descoberta é algo que nos dá uma certa euforia, que as crianças costumam ter e os adultos vão perdendo. Se calhar, ir até ao espaço rejuvenesce...".

"O que os humanos têm de fantástico é que a fisiologia é muito relativa, a idade é muito relativa. Ou seja, pode haver pessoas de 60 anos que estão em muito melhor forma do que outras de 30", diz-nos Filippo Castrucci, médico da ESA. 

Daí que seja essencial estudar as funções básicas do corpo e avaliar as mudanças produzidas pela microgravidade em cada um dos astronautas, a nível do sistema nervoso central, por exemplo. 

"O Paolo vai efetuar várias atividades mecânicas para instalar equipamento no módulo Columbus, o que é uma tarefa árdua. E depois vai verificar se a preparação feita aqui na Terra foi adequada e se é ou não possível utilizar a máquina corretamente", realça a instrutora Laura Andre-Boyet. 

Há vários problemas que têm sido registados: alterações no sistema cardiovascular, défices no sistema circulatório, perda de cálcio, entre outros...

"A Estação Espacial Internacional é a nossa base de operações no espaço, mas também nos fornece conhecimentos para podermos avançar. A desmineralização óssea, o desgaste muscular são fatores que podem ser evitados se fornecermos à tripulação uma gravidade parcial ou total. Temos de adaptar as limitações do veículo aos humanos e não o contrário", salienta Filippo Castrucci. 

"Talvez Iuri Gagarin imaginasse que, passados 60 anos da sua viagem, já teríamos ido muito mais longe, a Marte, por exemplo, ou até fora do sistema solar. Mas ainda não chegamos a esse ponto. A expansão da raça humana continua. Estamos a desenvolver um caminho de conhecimento que é extremamente importante. Para mim, é um prazer e uma honra fazer parte de tudo isto", remata Nespoli. A contagem final começou.