Satélites combatem a degradação dos solos
Depois de as Nações Unidas terem assinalado, na semana passada, o Dia Mundial da Alimentação, representantes internacionais reuniram-se na Coreia do Sul para discutir formas de travar a desertificação e a consequente perda de solo produtivo. Os satélites desempenham um importante papel na monitorização e avaliação das terras secas.
A desertificação é a degradação do solo nas regiões áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas. É causada principalmente pelas actividades humanas e pelas variações climáticas já que os ecossistemas das terras secas são extremamente vulneráveis à sobre-exploração, ao uso inapropriado da terra e às secas.
Este fenómeno tem vindo a afectar de forma muito negativa o modo de vida dos agricultores de todo o mundo, causando instabilidade nas culturas em muitas áreas. Os satélites conseguem detectar a desertificação e deste modo identificam tendências de degradação, aqui mesmo na Europa.
Estes resultados foram apresentados durante a 10ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, em Changwon, na Coreia.
O evento que decorreu de 10 a 21 de Outubro foi uma oportunidade de discutir estratégias de contenção da perda de terreno produtivo – o que tem aumentado estrondosamente nos últimos anos.
A ESA organizou um evento paralelo sobre a monitorização e avaliação da degradação do solo, com recurso a dados de satélite.
A detecção remota, a partir do espaço, é uma ferramenta eficaz e compensatória, do ponto de vista económico, de monitorizar regularmente o efeito dos programas de combate à desertificação em grandes áreas ou em locais de difícil acesso.
No projecto DesertWatch, promovido pela ESA, está a ser desenvolvido um sistema de informação baseado em tecnologias de observação da Terra para apoiar as autoridades locais e nacionais a construir, de forma simples, os relatórios sobre a evolução da degradação que devem ser enviados à UNCCD.
Nas conclusões apresentadas na conferência, o DesertWatch indicou que quase metade do solo de Moçambique está degradado. Pior ainda, 19% do solo continua a degradar-se.
Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de 30% das famílias a enfrentarem a carestia de alimentos.
Os satélites também detectaram desertificação em Portugal: 33% do solo está degradado. A região do Alentejo, muito importante para o cultivo dos cereais, continua a sofrer um processo de degradação
Do outro lado do oceano, no Nordeste brasileiro, a agricultura muito intensa, associada a uma seca severa, reduziram a qualidade da vegetação em algumas áreas.
Estas áreas ficam assim mais sujeitas à desertificação – ou já estão a sofrer de todos estes processos.
Ainda não está disponível um sistema de observação global totalmente dedicado à seca.
Apesar de estarem disponíveis diversas técnicas, são necessários métodos mais desenvolvidos e uma maior integração para que se cumpram os requisitos de monitorização da desertificação, degradação do solo e processos de seca expostos pela UNCCD.
A observação a partir do espaço é a única técnica capaz de oferecer imagens contínuas com actualizações periódicas de variáveis relacionadas com a desertificação.