Trio de crateras
À primeira vista, esta imagem pode não parecer fora do comum, mas a grande cratera alongada marca a impressão de um corpo impactante que pode ter-se fraturado em três, antes de atingir Marte.
As imagens foram adquiridas pelo Mars Express da ESA, no dia 28 de janeiro, e concentram-se numa das regiões mais antigas de Marte, Terra Sirenum, no planalto sul.

O canal alongado no centro desta imagem tem 45 km de comprimento e 24 km de diâmetro. A análise do contorno sugere que duas crateras do mesmo tamanho e uma menor se fundiram para criar a forma da pegada.
Dois grupos de material em relevo podem ser vistos no fundo da cratera. Estes picos são criados à medida que a cavidade da cratera inicial, produzida pelo impacto, colapsa devido à gravidade. A cratera menor também deixa entrever um pico central.
Pensa-se que crateras como estas se possam ter formado ao mesmo tempo, mas há uma série de ideias sobre como isto aconteceu. Por exemplo, um objeto poderia ter-se fraturado em pedaços menores depois de entrar na atmosfera, golpeando a superfície, numa rápida sucessão, no mesmo local.
Alternativamente, pode ter-se quebrado em dois ou três grandes pedaços no primeiro contacto com a superfície, com o movimento dianteiro dos novos fragmentos a conduzirem à segunda e terceira crateras.
Outra ideia é que vários componentes estreitamente ligados - como um asteroide duplo ou triplo - poderiam também resultar em tais crateras.

Em qualquer caso, o facto das camadas de detritos lançados pelo acontecimento parecerem ser contínuas e com uma espessura uniforme em torno da cratera, aponta ainda para que os impactos tenham ocorrido ao mesmo tempo.
Além disso, o material ejetado é distribuído de forma irregular ao redor da cavidade, de modo que existem dois lóbulos dominantes de material em lados opostos, criando um padrão de ejeção denominado “borboleta”.
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Esta formação sugere que a superfície foi atingida num ângulo baixo, com o movimento do objeto da parte superior direita para a parte inferior esquerda, levando a mais detritos espalhados por longe.
O material ejetado também foi espalhado por crateras vizinhas, particularmente aquelas na parte mais distante à direita e inferior direita na imagem principal.
A cratera circular diretamente acima da cratera alongada, nesta visão, é um tipo diferente de cratera tripla. As duas crateras menores - uma na borda e outra no fundo - formaram-se em momentos diferentes, conforme determinado pelas leis de superposição. Os seus contornos estão bem definidos, mostrando que a maior cratera teve tempo para se formar e se estabelecer, antes que as menores fossem formadas.
A forma deformada do rebordo da cratera mais interna pode estar ligada à formação da cratera alongada.
Numerosos outros exemplos de crateras sobrepostas podem ser encontrados nesta imagem, testemunho da antiguidade da região.
Além de uma maior clareza sobre a história da cratera, as análises do Mars Express e do Mars Reconnaissance Orbiter da NASA detetaram sinais de minerais de argila em material em camadas, observados dentro de crateras e nas planícies entre elas, sugerindo a presença de água há mais de 3,7 mil milhões de anos.