A nave espacial automatizada europeia acopla na ISS
ESA PR 20-2008. O ATV Júlio Verne, o primeiro veículo de reabastecimento da Agência Espacial Europeia, efectuou com sucesso uma acoplagem totalmente automatizada na Estação Espacial Internacional (ISS). Esta acoplagem marcou o início da principal missão do ATV que consiste no fornecimento á ISS de carga, combustível, água e oxigénio. Para além do fornecimento de carga o ATV tem a função de restabelecer, através de propulsão própria, a orbita da ISS. O ATV Júlio Verne proporcionou á ESA a entrada no clube restrito de parceiros capazes de aceder ao complexo orbital utilizando os seus próprios meios.
O veículo espacial não tripulado de 19 toneladas efectuou várias manobras a partir de uma posição estacionária, a uma distância de 39 km da Estação Espacial de 275 toneladas, e aí encetou uma aproximação que durou 4 horas, com várias paragens em pontos de referência para verificações. Calculou autonomamente a sua própria posição através de GPS relativo (comparação dos dados recolhidos pelos receptores de GPS no ATV e na ISS) e, já próximo, usou videómetros apontados para retrorreflectores laser na ISS que determinaram a sua distância e orientação relativamente ao alvo. A aproximação final deu-se a uma velocidade relativa de 7 cm/s com uma precisão de menos de 10 cm, isto enquanto o ATV e a ISS orbitavam a 28000 km/h, a cerca de 340 km acima do Leste Mediterrânico. A sonda de acoplagem do ATV Júlio Verne foi capturada pelo cone de acoplagem na extremidade posterior do módulo Russo Zvezda às 16:45 CEST (14:45 GMT). A acoplagem foi concluída com os ganchos a fecharem às 16:52 CEST (14:52 GMT).
Primeira acoplagem automatizada
É a primeira vez que é efectuada uma acoplagem totalmente automatizada, respeitando as rígidas restrições de segurança impostas para as operações de voos espaciais tripulados. Toda a fase de aproximação e acoplagem foi pilotada pelos computadores a bordo do ATV, sob uma monitorização intensa e exaustiva por parte das equipas da ESA do CNES (a agência espacial francesa) e da Astrium que se encontravam no Centro de Controlo do ATV no CNES em Toulouse, e também por parte da tripulação da ISS a bordo do módulo Zvezda. No caso de anomalia, qualquer uma das partes poderia ter accionado manobras pré-programadas para manter a posição, para voltar para o ponto de referência anterior ou ainda para escapar para uma distância segura.
O comportamento do ATV esteve também sob a vigilância da sua própria unidade de monitorização e segurança (MSU), que utiliza um conjunto de sensores e computadores independente para verificar se a manobra de aproximação é efectuada em segurança. Em caso de uma grande anomalia, a MSU poderia assumir o controlo e accionar uma manobra para evitar a colisão (CAM) através de propulsores e cadeias aviónicas.
Uma vez que todas as operações decorreram com normalidade, não foi necessária nenhuma destas manobras de segurança durante a abordagem e acoplagem desta tarde.
O ATV Júlio Verne foi lançado por um Ariane 5 do porto espacial europeu em Kourou, na Guiana Francesa, a 9 de Março. Três dias depois, demonstrou com sucesso a sua capacidade CAM autónoma e foi aprovado para operações de aproximação à ISS. O veículo espacial deslocou-se então para uma órbita estacionária durante a visita do vaivém espacial Endeavour à ISS. A 29 e 31 de Março, efectuou dois ensaios para acoplagem, aproximando-se a 11 m da Estação.
Novo serviço de entrega
Agora que está acoplado, o ATV Júlio Verne vai tornar-se um módulo adicional da ISS, durante cerca de quatro meses. Os astronautas vão entrar no seu módulo de carga pressurizado e recuperar 1.150 kg de carga seca, que inclui comida, roupa e equipamento, assim como dois manuscritos originais redigidos à mão por Júlio Verne e uma edição ilustrada do século XIX da sua obra “Da Terra à Lua”. Além disso, vão bombear 856 kg de combustível, 270 kg de água potável e 21 kg de oxigénio para os depósitos do Zvezda.
O ATV é capaz de transportar cerca do triplo da carga útil dos cargueiros russos Progress. Grande parte da carga desta missão é composta por combustível que irá ser utilizado pelo sistema de propulsão do ATV para manobras periódicas. Manobras essas que vão servir para impulsionar a ISS, de forma a compensar a sua perda de altitude natural, causada pelo arrasto atmosférico. Se necessário, o ATV poderá igualmente proporcionar à ISS um controlo de atitude redundante, ou até efectuar manobras de evasão para desviar a Estação de detritos espaciais potencialmente perigosos. A primeira manobra de propulsão do ATV Júlio Verne está prevista para 21 de Abril.
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